Manifestantes tentam entrar na COP30 e há confronto com segurança

Em articulação sem precedentes, o movimento indígena brasileiro, com o apoio governo federal, viabilizou a presença de quase 400 lideranças nos espaços oficiais de negociação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, e instalou na capital paraense uma aldeia com a presença de 3 mil indígenas, incluindo povos tradicionais de outras regiões da América Latina, África e Ásia. ebc Todos da mesma aldeia: COP30 mobiliza 3 mil indígenas em Belémebc Todos da mesma aldeia: COP30 mobiliza 3 mil indígenas em Belém

Há ainda 2 mil indígenas espalhados pela cidade ao longo deste período. O resultado, na avaliação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), é a maior presença de povos originários entre todas as conferências de clima já realizadas.

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“Muita gente já ouviu falar da Amazônia, já ouviu falar da maior floresta tropical do mundo, mas não sabe que proteger essa floresta custa vidas e que essa Amazônia também está sendo violada, violentada, destruída com o uso predatório da terra e da natureza. E é esse recado que a gente traz para Belém do Pará, para a COP30, que a gente traz para o mundo: não haverá solução sem a presença indígena”, afirmou a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante a abertura da AldeiaCOP, na noite dessa terça-feira (11).

Aberta ao público até o dia 21 de novembro, a aldeia foi montada no Colégio Aplicação, da Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro Terra Firme, leste da capital. O local, que passou por uma série de melhorias e adequações, conta com alojamento, um palco para apresentações, feira de bioeconomia, espaço em formato geodésico para debates e uma casa espiritual para a prática de rituais de cura e medicina ancestral indígena.


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Casa Ancestral na AldeiaCOP em Belém – Foto Bruno Peres/Agência Brasil

“A gente queria um espaço que ambientasse mais ou menos a  dinâmica de uma aldeia dos nossos territórios, um espaço arborizado, gostoso para o acolhimento, mas também um espaço de alojamento, alimentação, dormida e realização de debates e outras atividades”, afirmou Kléber Karipuna, coordenador executivo da Apib e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), em entrevista à Agência Brasil.

O processo de mobilização social indígena para a COP30 integra o chamado Círculo de Povos, iniciativa da presidência brasileira da conferência, precedida por um trabalho de formação que envolveu 2 mil indígenas de 361 etnias brasileiras. Desse total, cerca de 400 foram credenciados para participar diretamente na zona azul, a área de negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, da ONU.

Entre os resultados esperados pelos povos indígenas na maior participação da história das COPs estão o reconhecimento da proteção das florestas como ação fundamental de mitigação da crise do clima, a inclusão da demarcação dos territórios como metas climáticas e a concretização de canais de financiamento direto, que viabilizem o repasses de recursos diretamente a eles. 

“A gente vem com a demanda de arrancar um legado dessa COP, um legado de compromisso dos países, dos líderes com a demarcação e a proteção dos territórios indígenas. Não somente de territórios indígenas, mas de quilombolas, comunidades tradicionais, como uma política efetiva de enfrentamento à emergência climática que o mundo vive hoje. Esse é o principal legado [que queremos]”, destacou Kleber Karipuna.

“Queremos mostrar ao mundo uma forma sustentável de relacionar com a natureza, com a Mãe Terra e de proteger todo o nosso planeta”, disse a ministra Sônia Guajajara.

Programação indígena na COP30

A presença indígena na COP30 também ocorre em programações paralelas, como a Casa Maraká, espaço organizado pela mídia Indígena com uma série de atividades culturais e rodas de conversa.


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Indígenas participam da inauguração da AldeiaCOP em Belém- Foto Bruno Peres/Agência Brasil

Outra iniciativa é o Festival de Cinema Ecos da Terra, que acontece entre 13 e 19 de novembro, também em Belém, paralelamente à COP30, no Museu da Imagem e do Som. A programação é parte da 10ª Mostra de Cinema da Amazônia e tem o objetivo de transformar o espaço em território de escuta, diálogo e celebração dos conhecimentos tradicionais. Realizado pelo Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI) em parceria com a Mekaron Filmes, o Instituto Cultural Amazônia Brasil e o Museu da Pessoa, o festival propõe enxergar o cinema como extensão do território — um lugar para “aldear o futuro”, onde arte e palavra se conectam à justiça climática