Risco de não investir em florestas é elas desaparecerem, diz Noruega

Jovens do Brasil, da França e do continente africano estão reunidos nesta quinta-feira (6), na região do Polo de Economia Criativa de Salvador para defender a habitabilidade de seus territórios, sejam eles rurais ou urbanos. ebc Roceira, com orgulho, diz baiana em encontro sobre sustentabilidadeebc Roceira, com orgulho, diz baiana em encontro sobre sustentabilidade

Em sessão plenária intitulada Eu Defendo Minha Cidade, lideranças das áreas ambiental, política e da sociedade civil tiveram a oportunidade de trocar experiências de iniciativas sustentáveis diante da urgência climática. 

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Durante exposição, a agricultora Ana Mirela Silva [foto de destaque], de 19 anos, falou dos desafios de promover educação ambiental na zona rural de Matinada, no município baiano de Taperoá, a cerca de 140 quilômetros da capital. A este trabalho a jovem se refere como “extensionismo rural”. 

“Dissemino com crianças e jovens como é trabalhar com os orgânicos, fazendo hortas orgânicas e levando a hidroponia- que é uma tecnologia social sustentável, e que visa a produção para pessoas que têm pouco espaço ou estão em áreas compactadas e até mesmo ribeirinhas”,  afirma. 

Ao se apresentar diante de políticos e pensadores da África e da França, Ana Mirela Silva se autointitulou roceira, “com muito orgulho!”.   

“Eu tive a curiosidade de pesquisar o que seria e percebi a expressão se encaixa para pessoas que têm aptidão com o campo. Isso não me abate mais hoje em dia. Sou preta, sou pobre, sou roceira, moro no interior, e eu honro minhas raízes”, diz a agricultora. 

Ana Mirela defende o papel das novas gerações como fundamental para mudança de consciência ambiental, especialmente para influenciar os mais próximos como os pais e responsáveis. A jovem explica que assim como os pais dela, também trabalha no campo, mas, o que os difere são os estudos, que ela teve a oportunidade de concluir.

Durante o encontro, ela falou sobre segurança alimentar e resiliência climática com a promoção de inclusão social.


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captura_de_tela_2025-11-06_as_17.04.45 Roceira, com orgulho, diz baiana em encontro sobre sustentabilidade
Seydina Samb fala sobre priorizar levar verde para todos os espaços- foto: arquivo pessoal

Intercâmbio

Justiça climática e inclusão dos jovens nas discussões sobre o futuro das cidades são temas debatidos no Festival Nosso Futuro levantados por Seydina Samb. prefeito da comunidade de Yolf, no Senegal, a cerca de 5,3 mil quilômetros de Salvador. De acordo com o político, Brasil e a África estão unidos em propósitos ecológicos.

Aos 38 anos, Samb fala sobre a urgência de derrubar títulos como “áreas rurais” ou “urbanas” para caracterizar as cidades e define que a melhor expressão a usar é “municípios sustentáveis”, que priorizem a transição ecológica, como a opção por energias renováveis, por exemplo. 

Samb explicou que no município de Yoff, que fica na região metropolitana da capital senegalesa Dacar, as escolas estão sendo equipadas com energia eólica e que sua gestão é marcada por priorizar “levar verde para todos os espaços”. “É urgente termos ações concretas, porque a Terra chora”, lamentou Samb. 

A cerca de 5 mil quilômetros de Yoff, no Senegal, e quase 8 mil quilômetros de Salvador, as ações de uma política francesa, que tem a ancestralidade oriunda do Brasil (filha de mãe baiana e pai francês), também conectam os três pontos do globo terrestre. 

Céline Hervieu é deputada de Paris pelo Partido Socialista da França. Ela defendeu, em português – língua aprendida com a mãe – a educação de crianças e jovens como mola transformadora da sociedade. E acrescentou que o Brasil tem dado exemplo de representatividade em todos os espaços, inclusive os de poder. “Vermos uma mulher como a ministra da Cultura, Margareth Menezes, neste local faz com que meninas e mulheres sonhem e queiram ascender a estes espaços”, concluiu Hervieu.


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captura_de_tela_2025-11-06_as_17.04.13 Roceira, com orgulho, diz baiana em encontro sobre sustentabilidade
Céline Hervieu fala sobre importância da representatividade em espaços de poder – foto: arquivo pessoal

O Festival Nosso Futuro, em Salvador, faz parte das celebrações dos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França. 

Até o próximo sábado (8), a capital baiana estará ocupada por eventos culturais, gastronômicos, exposições e oficinas com ativistas, artistas e empreendedores engajados na construção de territórios mais justos e sustentáveis. A maioria, jovens franceses, brasileiros e africanos preocupados com o futuro do planeta, diante das mudanças climáticas. 

*A repórter viajou a convite do Instituto Francês.